A prefeitura de Campinas renunciou ao controle da pandemia, entregando-o para cada indivíduo. É o que fica claro com o novo decreto publicado em 17 de agosto no diário oficial: foi autorizada a abertura de atividades com 100% da capacidade e sem horário limite. Embora persistam as recomendações e protocolos para manutenção do uso de máscaras e distanciamento de um metro entre as pessoas, a fiscalização será impossível.
Com o início da vacinação, o discurso sobre a necessidade de isolamento social desapareceu das falas oficiais e do noticiário da imprensa. No máximo tímidas falas a respeito, o que fez a população desprezá-lo. O que assistimos desde então são ruas lotadas, bares cheios e muito desrespeito às medidas, acima da capacidade da prefeitura de fiscalizar. Os dados de monitoramento do isolamento social mostram que os indicadores hoje são muito próximos daqueles de antes da pandemia (em torno de 34% durante a semana).
Vários especialistas têm apontado que é precoce a abertura indiscriminada do comércio no estado de São Paulo e, obviamente, também em Campinas por causa da variante Delta. Flexibilizações precipitadas fazem com que se repitam as explosões de casos quando a situação parece “normalizar”.
Neste sentido o Conselho Municipal de Saúde de Campinas, RECOMENDA:
✅Que as restrições sejam levantadas apenas na medida que o número de casos caia a valores tão baixos quanto aos do ano passado (uma média de 100 casos dia por 3 ou mais semanas);
✅Que se faça da mesma forma para o número de óbitos (1 em média por dias por 3 ou mais semanas);
✅Que tenhamos pelo menos 50% (2 doses ou dose única) da população vacinada para tal abertura;
✅Que mantenhamos nossas reuniões remotas, bem como restrições a reuniões com mais de 10 pessoas presentes e com a possibilidade de distanciamento de pelos menos um 1,5 m.
Consideramos que medidas precipitadas, movidas por pressões econômicas e financeiras, podem fazer com que o Brasil volte a ser, novamente, epicentro da pandemia no mundo.
Alertamos também à população para que continuem utilizando das medidas de prevenção (isolamento social sempre que possível, uso de máscaras e higiene frequente das mãos), bem como se vacinarem com as vacinas disponíveis.