Gestores da Rede Mário Gatti se reuniram com equipe da UPA para anunciar as mudanças decorrentes da privatização na unidade
No processo de privatização da saúde que Campinas enfrenta, o alvo agora é a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São José, na região Sul. Na terça-feira, dia 10, representantes da Rede Mário Gatti (RMG) se reuniram com trabalhadores (as) para informar sobre a terceirização da unidade, que já sofria com aumento da demanda devido ao fechamento da UPA Centro. No início de abril, o Conselho Municipal de Saúde (CMS), Movimento Popular de Saúde (MOPS) e Frente pela Vida em Defesa do SUS Campinas e região promoveram um ato de protesto contra as precárias condições de trabalho e a privatização da unidade.
O Conselho Municipal de Saúde foi chamado pelos funcionários da UPA para participar da reunião com a RMG, mas foi impedido de escutar o que era dito, sem poder fazer questionamentos ou se posicionar, pois ficou do lado de fora da sala onde a reunião foi realizada.
A gestão da RMG foi anunciar a terceirização da UPA e informar o que deve acontecer com as (os) trabalhadoras (es). “A reunião aconteceu na cozinha do serviço, um local pequeno e com pouca ventilação usado para comunicar para tantas(os) profissionais suas condições de transferência para outros serviços, como a UPA Carlos Lourenço, UPA Padre Anchieta e SAMU”, explicou Nayara Oliveira, presidenta do CMS. “O local não comportava os(as) trabalhadores da unidade. Muitos(as) também acompanharam a reunião do lado de fora, ouvindo pelo basculante, amontoados, sem qualquer condição de conversa ou debate. Como nós, do CMS, muitos(as) dos(as) funcionários(as) ouviram apenas pedaços do que foi dito”, reforçou o conselheiro Lúcio Rodrigues.
Nayara citou que o processo de terceirização da UPA São José se dá nos mesmos moldes da terceirização da UPA Campo Grande, no final do ano passado e seguindo um roteiro parecido com o que ocorreu no Complexo Hospitalar Ouro Verde há alguns anos.
O CMS reprova a forma como a administração municipal trata os trabalhadores (as) e a população campineira que necessita de atendimento SUS. Lamenta ter sido impedido de entrar, acompanhar o que estava sendo dito e poder intervir. “É dessa forma que tratam os trabalhadores e o controle social. Este é o retrato da forma como descuidam e desrespeitam a população da cidade”, afirmou o CMS, em nota postada no Facebook.
Para Nayara, a administração pública de Campinas quer transferir sua responsabilidade com a saúde da população para entidades privadas. “Este processo é muito parecido com o que aconteceu na UPA Campo Grande, em que tiraram os trabalhadores para contratar uma empresa suspeita que “ganhou” a licitação, pagando salários irrisórios aos novos contratados, que ficam no serviço enquanto não encontram melhores alternativas de emprego.”
Desde o início do processo de terceirização da UPA Campo Grande, o CMS tem se manifestado contrário a essa onda de privatização, que só prejudica ainda mais o serviço e penaliza a população de Campinas. “Os esforços da gestão deveriam se voltar para estratégias e ações para melhorar e tornar efetivos tais serviços, através da gestão pública, e com trabalhadores/as estáveis e concursados/as”, defendeu o CMS. Para o coletivo “desde a criação da Rede Mário Gatti, em 2018, as UPAs têm sido precarizadas e o atendimento prejudicado”.
As ações e demandas do Conselho Municipal de Saúde têm o apoio do Projeto WASH - Workshop Aficionados em Software e Hardware, que defende o controle social e a importância da Educação Permanente em Saúde.
(Delma Medeiros/Especial para o CMS, via Projeto WASH)