Conselho Municipal de Saúde de Campinas defende que a contratação de pessoal de Enfermagem por empresa vai prejudicar o atendimento à população e precarizar o trabalho desenvolvido por quase 50 anos pelo mais reconhecido hospital da nossa região
Em sua última reunião do ano, que precisou ser virtual devido ao crescente número de casos de Covid na cidade, esquentou o debate em torno da privatização dos serviços no SUS Campinas.
Depois da privatização do Hospital Ouro Verde, com os danosos e conhecidos escândalos de corrupção, das UPAs Campo Grande e São José, agora é a vez da Enfermagem do Pronto Socorro Adulto do principoal Hospital público do município, o Hospital Mário Gatti.
Apresentada pelo conselheiro Paulo Mariante, representante de usuários (as) do Movimento Popular de Saúde de Campinas e coordenador da Comissão Permanente de Atenção Hospitalar, Urgência e Emergência do Conselho, a moção que foi aprovada por unanimidade, questiona se esta medida comunicada na última segunda feira, dia 12 de dezembro, na reunião do Conselho Local de Saúde do Hospital será boa para a Saúde de campineiras e campineiros. Já nesta reunião houve uma verdadeira comoção de conselheiros presentes, com maciça participação de trabalhadores da enfermagem, que apresentaram uma nota pública de repúdio contra a medida.
As (os) propositoras (es) da moção aprovada argumentam que como 1º Pronto-Socorro Público da cidade, fundado em 1974, a maior e mais importante porta de entrada para as urgências e emergências do SUS no município, acumulou experiência e conhecimento, sendo um dos poucos hospitais no país que atendem pacientes politraumatizados cuja agilidade e competência, não está nas paredes do Hospital, mas nos trabalhadores, uma equipe estável e fixa que atua em seu Pronto Socorro Adulto.
Estes funcionários que lá estão há dez, vinte, trinta ou mais anos, quer ver seu conhecimento repassado aos mais novos. Argumentam que graças ao seu esforço e dedicação, o Hospital funciona mesmo em tempos de crise, com as constantes carências de recursos, em tempos de epidemias e pandemias. Mesmo com quase 10 anos sem concursos, e o quadro de pessoal cada vez menor e inadequado para o bom atendimento ao público, foram presenteados com essa notícia de fim de ano pela Prefeitura: tirar todos estes trabalhadores e substituí-los por terceirizados contratados por uma empresa, a CEJAM, que já administra o maior contingente de pessoal do Hospital Ouro Verde, a partir de 06 de janeiro de 2023.
Contrapondo-se à proposta, o texto da moção aponta que nessas terceirizações a regra é o pagamento de salários mais baixos e piores condições de trabalho aos terceirizados, e questiona: alguém acredita que isso resulte em melhor atendimento? Como vai melhorar o atendimento a atuação de trabalhadores que recebem salário mais baixo e têm piores condições de trabalho?
Como exemeplo, relembra que em 2018 e 2019, no Hospital Ouro Verde, os 1400 trabalhadores regulares foram substituídos por terceirizados. Hoje são cerca de três dezenas de empresas, que contratam trabalhadores, muitos deles inexperientes, mal preparados, com alta rotatividade. Resultado: desorganização dos serviços hospitalares, redução na produção e na eficiência, aumento da mortalidade, de gastos e custos. E mais: no Ouro Verde, nessa época, a mortalidade institucional aumentou, saindo da média histórica de 5,24% antes da crise, para 7,16% em 2018 e 6,52% em 2019, taxas de mortalidade acima da média histórica, somando cerca de 294 óbitos nestes dois anos citados.
Asseguram que, diferente do que o governo fala, e muita gente acredita, o custo da terceirização é mais alto que na contratação direta, pois as empresas de terceirização servem apenas para intermediar o fornecimento de mão de obra, pagando salários mais baixos aos trabalhadores e cobrando mais caro do governo.
Ressaltam, assim que, a retirada de todos os funcionários experientes da enfermagem, com a substituição por novatos precarizados e terceirizados, será uma perda irreparável para o PSA, para o HMMG e para o SUS de Campinas, jogando na lata do lixo toda a história, a experiência e o conhecimento acumulados em cinco décadas de atendimento de urgência e emergência.
Além de tudo isso, reforçam que a Prefeitura tomou essa decisão sem qualquer diálogo com o Conselho Local de Saúde do Mário Gatti, numa atitude prepotente e arrogante e defende que é necessário nos mobilizar para impedir este verdadeiro crime contra o SUS Campinas e exigir que a Prefeitura escute conselheiros, trabalhadores e população e recue desta decisão absurda.
O movimento que reúne os signatários da moção promete várias ações de mobilização contra a medida para os proximos dias.
Leia a moção íntegra aqui e ajude a divulgá-la.