Acesso a especialidades é desafio na Saúde

Ineficiência, desperdícios e prejuízos à saúde da população são apontados pelo Conselho Municipal de Saúde

fila espera

Uma das queixas mais frequentes dos usuáries do SUS, de norte a sul do país, é a dificuldade de acesso a consultas com especialistas e a realização de cirurgias eletivas. E, se já era assim antes da pandemia, a situação piorou muito desde o seu início, afirma o último boletim da Secretaria Executiva do Conselho Municipal de Saúde de Campinas (CMS).

Entre as razões, o CMS aponta as recomendações de especialistas e restrições à oferta de procedimentos eletivos (aqueles considerados não-urgentes e que podem ser agendados), tais como consultas com especialistas, cirurgias, exames variados; e o medo da população, reforçado pelas restrições, de buscar os serviços de saúde.

O boletim destaca que vários serviços especializados tiveram profissionais de saúde deslocados para trabalharem exclusivamente com pacientes com sintomas respiratórios ou afastados dos serviços por causa da idade ou comorbidades; além de leitos hospitalares para procedimentos eletivos serem transformados em leitos para cuidados a pacientes com o diagnóstico de Covid.

De acordo com o boletim, o SUS, em âmbito nacional, precisa avançar, tanto para evitar a insatisfação dos usuáries e aumentar a legitimidade do Sistema Público, quanto para evitar desperdícios e ineficiência. O discurso corrente da maioria dos gestores públicos é que isso se dará pelas terceirizações de serviços ou a entrega de serviços públicos a gestão de terceiros, por entidades denominadas de “sem fim lucrativos”.

“Embora a maioria das prestações de serviços secundários e terciários, hoje, seja realizada por terceiros, ainda que em serviços construídos e equipados com investimento público (como é o caso, por exemplo, do Hospital Ouro Verde), o que se produziu foi exatamente o que queríamos combater: insatisfação do usuário/a com o tempo de espera para uma consulta ou exame, bem como desperdício e ineficiência”, afirma o boletim. “Não custa lembrar que quase metade do orçamento da Secretaria de Saúde, em Campinas, é dispendida em terceirizações, inclusive de serviços finalísticos.”

Preocupado com a situação das consultas, procedimentos e cirurgias eletivas, que já era ruim antes e piorou com a pandemia, a Secretaria Executiva do Conselho Municipal de Saúde encaminhou em 2020 e em 2021 questionamentos à Secretaria de Saúde para tentar um diagnóstico na cidade, mas não obteve resposta.

(Delma Medeiros, especial para o CMS)