CMS pede novas posturas para enfrentamento da Covid-19

Atraso no resultado dos testes leva a posições díspares entre coordenadores (as) das unidades frente aos afastamentos de trabalhadores(as)

Além do estresse e jornadas estafantes por conta da pandemia de Covid-19, os trabalhadores (as) da Saúde de Campinas enfrentam outros problemas relacionados à doença. O protocolo para afastamento do trabalho em casos de sintomas de Covid-19, ou doença respiratória grave não é claro em situações em que o exame para detecção do Coronavírus demore mais de cinco dias para ficar pronto. Pela diretriz da Secretaria de Saúde, um trabalhador que tenha exposição de alto risco (contato domiciliar ou no ambiente de trabalho) deve ser testado imediatamente e novamente do 5° ao 7° dia após a exposição. Se assintomático não é afastado enquanto o teste não chegue ou manifeste sintomas. Com a demora dos resultados corre-se o risco do trabalhador, ainda que assintomático ou com poucos sintomas, ficar circulando e transmitindo o vírus no ambiente de trabalho.

No entanto, como os resultados dos exames, talvez pelo volume, têm demorado  para sair, o afastamento ou não do trabalho fica a critério da chefia imediata que varia para cada unidade, expondo a riscos os trabalhadores (as), seus colegas e a população atendida nas unidades.

Diante dessa situação, o Conselho Municipal de Saúde de Campinas encaminhou ofício ao secretário de Saúde, Lair Zambon, solicitando a revisão e unificação dos protocolos.

“Em caso de teste negativo o trabalhador retorna ao trabalho. Se der positivo permanece afastado por 10 dias a contar do início dos sintomas ou da testagem, no caso de assintomáticos. Mas, se o resultado do teste não sai até o 5° dia, principalmente quando os trabalhadores são assintomáticos, segundo os relatos que nos chegam, os coordenadores não seguem uma posição única. Alguns determinam a volta ao trabalho, outros esperam pelo resultado. Isso cria muita insegurança aos trabalhadores (as). Do ponto de vista biológico, se estiver positivo para Covid-19 sem saber, pode estar transmitindo a doença. E traz também insegurança emocional”, afirma Roberto Marden Soares Faria, coordenador da Executiva do CMS. O Conselho propõe duas alternativas: acelerar o resultado dos testes ou revisar o protocolo, prevendo esse atraso. Há um descompasso ainda entre a diretriz da Secretaria de Saúde e o Departamento de Saúde e Segurança do Trabalhador, vinculado à Secretaria de Recursos Humanos.

Conselho pede unificação do protocolo de afastamento para Covid

O Conselho solicita a uniformização do protocolo de afastamento e maior clareza nas situações em que o teste demora para ficar pronto, bem como ampla divulgação nos meios de comunicação da cidade e nas unidades de saúde para que todos saibam dos procedimentos recomendados. O Conselho também reitera a necessidade de reforçar as medidas restritivas para tentar brecar a explosão prevista de novos casos. “Já sabemos que vai haver explosão de casos da Ômicron. O apagão de dados desde meados de dezembro indica que o número de infectados é muito maior. E notícias nos veículos de imprensa evidenciam que teremos muitos novos casos”, afirma Marden, lembrando a suspensão de voos em função do volume de casos positivos de Covid-19 entre a tripulação, os relatos de infecção em grande quantidade em cruzeiros marítimos – a Anvisa, inclusive, recomendou a suspensão definitiva da temporada de cruzeiros  - e até mesmo o total de trabalhadores (as) da saúde de Campinas positivados com Covid e afastados do trabalho (em torno de 300 servidores).

Em seu ofício o Conselho considera alguns pontos fundamentais para solicitar medidas mais efetivas da Secretaria de Saúde e pede que a Prefeitura de Campinas, “orientada tecnicamente pela Secretaria de Saúde deveria tomar medidas para estimular a população a manter o uso de máscaras, evitar aglomerações, ampliar e facilitar a testagem, a busca ativa de contactantes e o isolamento das pessoas, como medidas que, além de proteger a população, contribuiriam para minorar o problema da superlotação dos serviços de saúde e de exposição dos trabalhadores”.

E acrescenta: “que tenhamos um ambiente de trabalho mais seguro tanto do ponto de vista biológico (para evitar contaminações entre trabalhadores) como do ponto de vista emocional, fazendo com que estes se sintam mais protegidos por suas chefias e pela instituição que deve zelar pela saúde da população e de seus trabalhadores”.

O Conselho reforça que há recordes de casos mesmo em países com alta taxa de vacinação; que os números provavelmente são superiores aos relatados, pois é muito baixa a testagem no país; que a variante Ômicron infecta mesmo aqueles vacinados com duas ou até três doses de vacinas; que houve um relaxamento das medidas de prevenção; que os trabalhadores da saúde, em função das atividades exercidas, se tornam um grupo de grande suscetibilidade ao vírus; entre outras questões. Destaca ainda a necessidade de contratação de mais profissionais da saúde tanto para a atenção básica da Secretaria de Saúde como para a Rede Mário Gatti. Ao ofício, foi anexada a Nota Técnica da Secretaria de Saúde. (Delma Medeiros/especial para o CMS, via Projeto WASH)